despertar

Maria Helena, invade o cotidiano de Estela em palavras soltas na brisa do tempo:

” -Os soberanos buscam a cura em minhas ervas para aliviar suas dores e renovar o fluir livre de suas energias.”
” -Rei Henrique é um tirano implacável, a vista que tenho de seu castelo é fascinante; todos os dias pela manhã visualizo a espada da justiça atuando com sua divina essência no duro coração dos que lá habitam; acredito que um dia nossos destinos se cruzarão e tenho sempre um mal estar incontrolável quando atuo neste complexo destino que desconheço.”
” – Você sabia que as flores de goivo significam ser fiel ao coração no infortúnio?”

Estela aterrorizada em faixas vibrantes de outras dimensões, caminha até a janela… Ouve, novamente a voz clara e suave de Maria Helena em seu interior:
” -Você viu Guizmo? -Ele espalhou folhas de goivo por todo meu caminho… -Sei que ele quer me avisar de algo, mas não entendo o motivo da pressa.

Ao virar-se para ver o que a puxava, Estela depara-se com o Elemental Guizmo agarrado em sua saia e desmaia.

O confronto:
Mayra encontrou Estela embrulhada no sofá em papel celofane e explodiu:
– Vou tentar explicar e quero que você me entenda…
Tenho que te dizer que estou cheia de seus desvarios…
Por qualquer coisa você desiste…
Larga tudo!
Portas dimensionais que se abrem…
Aparições fantasmagóricas…
Tudo para você é apenas comum …
Faz parte do seu show.
Agora! Se qualquer humano, há decepciona, ou sei lá o que.
Pronto! você larga tudo, acabar com o grupo de estudos?
Por que? Por que Estela? Fala!

(Mayra tinha seus olhos repletos de angustia, seu chackra laríngeo pulsava o vermelho e as lagrimas pulavam de seu rosto como pingos de chuva que molham a terra no inicio do verão)
(Estela recostada sofá -já desembrulhada – balançava as pernas como se a qualquer momento um chute certeiro quebraria a estrutura de madeira que segurava o espelho do reflexo – olhava para a expressão da decepção de Mayra e refletia… Sim! Julgamentos…Eu não preciso compartilhar a rachadura do cristal que reflete a magia do que esta manifesto; quando a sincronicidade dos fatos caminha para a realização as peças do tabuleiro movimentam-se com espontaneidade e isso não acontece nesse grupo – então grita:)

– Não te dou o direito de cobrar posturas ou julgar, o encanto acabou e ninguém ou nada pode parar Yod.
– Acabou os encontros…Não tenho vontade de ver ou falar com ninguém…Não posso! Não consigo!
– Odeio este tal de Henrique que faz parte do grupo…Odeio! E pronto!
(finalmente o pé atingiu a mesa espelhada que estilhaçou a imagem condenada à dor em pedaços de juízo final)

Cacos de alma espalhados pela sala jazem no espanto do surto…

(Estela levantou-se em cacos,ou entre cacos, e deixou-se cair como energia/alma, no aconchego da cama, e verbalizou tal qual oração:)

– Que Maia me condene ao amanhecer.
Que a Roda de Yod gire e o espaço vazio seja preenchido pelo
tempo inócuo da sobrevivência corpórea e suas questões absurdas.
Sobreviverei no atemporal…”
– Vou dormir. Até Amanhã!

O Sonho:
Maria Helena!
Cabelos loiros e cacheados ate a cintura, flores silvestres tal qual uma coroa abençoavam sua tez para o Festival do Equinócio da Primavera.
Seus pés descalços recebiam a energia de Gaia, enquanto decididos caminhavam pela floresta.
Sete dos seus cães a acompanhavam…
Cavaleiros, armaduras cintilantes, barulho,risos, gritos, invasão!
O cavalo do Rei Henrique pisoteou Asthuto…Agonia, dor.
A imagem perdeu a cor, o fato em si era o negativo do amor.
Henrique ria e fazia comentários judiciosos ao olhar o cachorro se contorcendo em agonia.
(Maria Helena segurava o em seus braços, banhando-o com seu pesar:)
– Asthuto! meu amado, reaja! Asthuto…
– Senhor dos Animais, Abençoado Mestre, trazei sua Presença , aqui e agora!
(Um monge de vestes douradas se fez presente e carinhosamente desfez da dor a vida de Asthuto que descansou na paz.)

Olhos vermelhos, faíscas do fogo da Terra incorporam a fisicalidade que pulou no pescoço de rei Henrique que sentado em seu ego”sorria amarelo”, seu rosto foi rasgado por unhas envenenadas de ódio.

– Cuidado! Senhor! (Como um polvo mágico enumeras armaduras reluzentes,tentam agarrar Helena, nem mil braços desesperados poderiam segurar
o dilacerar do belo rosto rei.)

Helena foi espancada tal qual “escrava no tronco”, enquanto Henrique gritava, com seus dedos trêmulos apertando feridas que expandiam vingança.

– Parem, eu ordeno!
– Retirem-se todos daqui, voltem ao castelo.
– Agora!
(Henrique, vira-se para restos de Maria Helena:)
– Fique em pé e recomponha-se seu bicho enfurecido saído dos infernos!
– Quem e o que e você?
– Sou Maria Helena de Gaia – Senhora das Ervas, Dama da Lua, Amiga dos Elementais…
(Seu corpo coberto de hematomas, empertigava-se o humanamente possível, altiva, prepotente e inatingível, só não o agredia porque qualquer movimento seria coroado com lanças de dor.)
Olhos que se encontram, sentimentos que afloram…
Eu Sou a União Inquebrantável e Indissolúvel com a Família Cósmica
Eu Sou Cósmico, Integral, aqui presente, neste eterno agora!
Henrique emanava amor com tal intensidade que envolveu Helena em seus braços num arrebatado salto de quântico de encontro.

Consciência:
Estela no agora, saltou como gato escaldado da cama que a prendera na armadilha.
Soluçava em delírios de lembranças de amor…(flores de Goivo manifestadas pelo leito aromatizavam todo o ambiente).
Lagrimas de consciência trouxeram a doçura energética para a recomposição dos fatos.
Não havia mais reflexos e vazio.
A doce realidade envolveu a vida, o tempo é um continuum multidimensional, nada a temer.
O grupo de estudos continuará e Estela saberá reencontrar Henrique.
Que Maria Helena descanse. Enquanto Guizmo, o novo companheiro de Estela,brinca pela casa em paz.

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