Percepção
Um dos mais famosos estudiosos do processo de percepção foi o alemão Immanuel Kant (1724-1804). Kant dizia que quando percebemos o que chamamos de objeto, encontramos os estados mentais que parecem compostos de partes e pedaços. Para ele, estes elementos são organizadosde forma que tenham algum sentido, e não simplesmente por meio de processos de associação.
Durante o processo de percepção, a mente cria uma experiência completa. Assim, a percepção
não é uma impressão passiva e uma combinação de elementos sensoriais, mas uma organização
ativa dos elementos, de modo a formar uma experiência coerente.
parecem mover-se no painel, quando na verdade, um ponto luminoso se apaga e o ponto ao lado
se acende.

Apercepção
É o processo através do qual os elementos mentais são
organizados. A doutrina da apercepção foi desenvolvida
por Wundt, que dizia que o processo de organização dos
elementos mentais formando uma unidade, é uma síntese
criativa, que cria novas propriedades mediante a mistura
ou combinação dos elementos.
Ele declarou que todo composto psíquico é dotado de
características que não são a mera soma das
características dos elementos que o formam. Tal
declaração deu origem a famosa frase: a totalidade não é
igual a soma de suas partes. Isso pode ser provado pela
química, onde a combinação de elementos químicos faz
surgir compostos com propriedades que não se
encontram nos elementos separadamente.
Assim, uma experiência sensorial pode ter diferentes
relatos dos sujeitos envolvidos, não sendo nenhum deles
incorreto, uma vez que em toda experiência haverá muito
de atributos afetivos e ideacionais (aquilo que o sujeito
tem como ideal para si) e que a soma de seus elementos
componentes, gera um novo composto psíquico,
diferente dos elementos isoladamente.
A lei das resultantes psíquicas ou síntese criativa
encontra expressão nas funções aperceptivas e nas
atividades de imaginação e compreensão. É a capacidade
de interpretação dos estímulos sensoriais atribuindo-lhe
significado, com base nas experiências pessoais do
sujeito, suas emoções e seu conhecimento do mundo.
A apercepção é responsável pela significação da coisa ou
do que é a coisa em si. Neste caso, se a essência das
coisas é determinada mais pelo pensamento e emoção
que pela percepção neurológica, esta (a essência das
coisas) será sempre pessoal e individual, então o
significado essencial das coisas será igualmente pessoal e
individual.

Um minuto entre o conflito perceptivo e o sucesso

Veja como sair da confusão de cores em um minuto e ainda aprenda como aprender.

Você talvez já tenha caído na pegadinha abaixo, cujo argumento é de que provoca um “conflito no cérebro”. Vamos mostrar aqui que a distância entre o conflito e o sucesso pode ser apenas um minuto para elaborar e aprender uma estratégia mais apropriada para o resultado desejado.

Faça o seguinte:

1) Olhe para o primeiro nome de cor. Pelo hábito, a leitura deve ocorrer automaticamente; espere isso acontecer.

2) Continue olhando para o nome e repare na cor. Diga o nome da cor.

3) Repita os passos 1 e 2 para outros nomes, tão lentamente quanto necessário para dizer corretamente a cor.

4) À medida em que for se sentindo mais confiante, vá aumentando a velocidade, até que esteja satisfeito.

5) Teste: faça alguma outra coisa e depois volte novamente ao exercício para ver como ficou.

Essa estratégia ilustra alguns princípios importantes para um maior rendimento da aprendizagem de habilidades: estratégia apropriada aos resultados desejados, repetição, velocidade de execução adequada ao seu tempo de resposta e evolução gradual, o que acaba resultando em maior objetividade, com mais facilidade.

Quantos animais você vê?

Metáforas e analogias

Uma capacidade vital para aprendermos
Você em algum momento já se sentiu “de saco cheio”? Alguém já “pegou no seu pé? Ou será que você já “colheu frutos” do seu trabalho?
Temos com a nossa mente a capacidade de estabelecer paralelos entre as nossas representações internas e dali extrair inspiração para opções de ação. Para isto servem as metáforas, as analogias, as parábolas: para nos despertar para novas possibilidades, na medida da semelhança que percebemos, das ligações que fazemos entre o contexto da metáfora ou da parábola e a situação real.
Para você não achar que estou exagerando nessa sua capacidade de lidar com metáforas, confira estas: “Tive um choque”, “Essa não colou!”,”Livre como um passarinho”, “Mata a cobra e mostra o pau”.
Quer mais? Mesmo “aprender com a experiência” tem componentes metafóricos, já que dificilmente uma situação se repete da mesma maneira, tornando necessário transpor os elementos semelhantes do contexto passado da experiência (própria ou de outro) para o contexto em questão. Ou seja, nós realmente temos muita prática com esse processo!

O Anel

Quanto você vale?

  • Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

O professor, sem olhá-lo, disse:

  • Sinto muito meu jovem, mas não posso te ajudar, devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois.

E fazendo uma pausa, falou:

  • Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois talvez possa te ajudar.
  • C…claro, professor, gaguejou o jovem, que se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:
  • Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque
    tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.

O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.

Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação e seu professor e assim podendo receber ajuda e conselhos. Entrou na casa e disse:

  • Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.
  • Importante o que disse, meu jovem, contestou sorridente o mestre. – Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.

O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:

  • Diga ao seu professor, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.

O jovem, surpreso, exclamou:

  • 58 MOEDAS DE OURO!!!
  • Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas , mas se a venda é urgente…

O jovem correu emocionado para a casa do professor para contar o que ocorreu.

  • Sente-se, disse o professor, e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:
  • Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor???

E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.

  • Todos somos como esta joia. Valiosos e únicos e andamos pelos mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.

Vencendo medos perceptivos

Lições de uma montanha-russa

A situação era peculiar: do lado de fora de um parque de diversões, eu olhava a montanha-russa: um carrinho estava subindo, lentamente. Ele fez a curva ao final da subida e, ainda bem lentamente, foi se movendo em direção à próxima curva. Ao fazer esta, o carrinho despencou, as pessoas gritaram e foi então que senti o maior frio na barriga. Estranhei, porque eu estava com os pés firmes no chão, como é que podia estar reagindo ao que estava acontecendo a 50 metros com outras pessoas? Investigando meus processos mentais e minha percepção, achei uma possibilidade de explicação para o fato, bolei uma solução, testei-a e na mesma hora passou o efeito. Essa solução, que testei em outras situações semelhantes, é o que descrevo aqui.

Fundamentos

Entender o que fiz requer saber duas coisas sobre o funcionamento da nossa inteligência: os modelos mentais e a dinãmica da atenção.

O primeiro fato é que não operamos diretamente no mundo, e sim a partir das percepções que temos do mundo e o que fazemos com essas percepções, que compõem os nossos modelos mentais. Sem modelos mentais não poderíamos fazer nada; tente por exemplo tomar uma decisão qualquer só com o que você percebe no presente. Mesmo se for saciar uma simples sede, você precisa ter um modelo mental da sua casa ou do ambiente em que está e das opções potáveis que existem. Quando não tem, sai procurando (talvez e somente se a sede for suficientemente intensa!). Se é uma decisão de maior impacto, como casar-se, você precisa ter um modelo mental atraente da futura vida, ou certamente não se casará, a menos que obrigado, seja por si mesmo ou por outras pessoas.

O outro aspecto da inteligência é a dinâmica da atenção e da percepção. Agora o foco de sua atenção está neste escrito, mais especificamente nesta palavra, agora nesta, agora nesta, e neste exato momento nesta… Ou seja, sua atenção segue um fluxo no tempo. Esse fluxo pode ser mais ou menos estruturado. Quando lê, por exemplo, sua atenção é conduzida pelo nosso padrão de escrever de cima para baixo e da esquerda para a direita e é estruturada. Quem está dirigindo um automóvel pode ter a atenção estruturada ou reativa. Se o motorista segue um padrão de olhar para a frente e de vez em quando olhar os retrovisores, seu fluxo de atenção é estruturado. Quando vê um pedestre em situação perigosa, a tendência é concentrar a atenção nele e esquecê-lo assim que não for mais importante, o que caracteriza direcionamento reativo da atenção. Dirigir é uma combinação de direcionamento estruturado e reativo, como você pode notar. Outra possibilidade para o direcionamento da atenção é a escolha pura e simples. Por exemplo, você pode prestar atenção em qualquer parte deste texto, a qualquer momento, nada lhe prende ou limita exceto sua decisão de fazê-lo ou não.

A realidade via de regra proporciona muitos estímulos visíveis, audíveis e sensíveis, alguns dos quais podemos ignorar e outros não. A percepção de um ser inteligente, portanto, deve se alternar um bocado no dia-a-dia. Se você ao ler isto ouvir um barulho, sua atenção naturalmente vai se desviar por um momento para interpretar o estímulo e avaliá-lo, porque pode ser uma explosão ou outra ameaça ou simplesmente por curiosidade. O processamento dos estímulos que nos chegam pode ser inconsciente, isto é, nossa mente pode filtrar os estímulos que chegam ao consciente, só deixando chegar a nós os importantes. Isso tem características de habilidade, é aprendida e amadurecida, podendo ser treinada intencionalmente.

A característica dinâmica da atenção tem várias implicações. Por exemplo, pessoas que reagem a qualquer estímulo em geral, sem filtros de importância treinados, podem ter dificuldades de concentração em ambientes ruidosos. Já fiz e já vi outras pessoas saírem do foco e não perceberem: você está falando com ela e de repente ela vê algo e faz um comentário estranho à conversa, como se nada mais estivesse acontecendo. O nosso próprio nome é um estímulo ao qual dificilmente deixamos de responder desviando a atenção; também já vi um educador usar o nome da pessoa com freqüência ao falar com ela, o que suponho que seja uma forma de prender a atenção da pessoa.

O fluxo de atenção por si também é muito, muito importante, porque há um bocado de coisas que acontecem no nível inconsciente, como por exemplo sentir os pés no chão e perceber tensões no corpo, entre outras. Para verificar isso, dê uma geral no seu corpo procurando por alguma parte tensa. Muitas pessoas não incluem, por exemplo, a testa no seu fluxo de atenção, e nem percebem que a franzem quando falam ou cantam. Esse fluxo da atenção é extremamente rápido, e às vezes só notamos quando ele não acontece, como quando estamos tão ligados em algo interessante que esquecemos todo o resto.

Ambos, modelos mentais e atenção são processos, e por isso não são ruins, bons nem algo entre esses extremos; são como ferramentas cuja utilidade depende da forma como são usadas. Os dois trabalham juntos para formar nossa percepção, como os pólos de um imâ, e isso tem várias utilidades. É por meio deles que conseguimos, por exemplo, nos colocar no lugar do outro e ver do ponto de vista dele, o que é chamado na PNL de posição perceptiva. Note a combinação desses dois recursos ao assistirmos um bom filme. “Entramos” no filme e passamos a viver dentro do modelo mental do filme. Para conseguirmos isso, temos que deixar de prestar atenção no nosso próprio corpo e no ambiente. Experimente assistir a um filme notando de vez em quando onde está. Acredito que foi por isso que um filme do Arnold Schwarzenegger fracassou, um que seu personagem saía de uma tela de cinema e ia para a “realidade”: os espectadores eram lembrados de que estavam em um cinema, “desligando” o modelo mental do filme.

O problema compreendido e solucionado

Foi com base nessas compreensões que eu pude entender como conseguia sentir frio na barriga apenas olhando a montanha-russa, e o sucesso da minha intervenção sustenta sua validade. Descrevendo passo a passo, eu percebi que tinha feito o seguinte:

  • Olhei a montanha-russa, com foco no carrinho.
  • Quando ele começou a descida, eu me coloquei na posição perceptiva de estar dentro do carrinho. Ao fazer isso, mesmo que por um segundo, o fluxo de minha atenção deixou de passar pelo meu corpo e qualquer outra coisa, e o modelo mental pareceu real naquele momento
  • Reagi à “realidade” do meu cenário interno do momento com uma reação semelhante à que teria se estivesse realmente acontecendo.

Devo fazer isso muito bem, porque comecei a ver o que eu veria, ouvir o que ouviria e sentir o que eu realmente sentiria se estivesse lá, apenas com menor intensidade. Uma habilidade desenvolvida, creio eu, daquelas que não se sabe quando foi aprendida.

Pensei então: se enquanto eu olho o carrinho eu mantiver minha referência de realidade direcionando a atenção para o contato dos pés com o chão, o frio não vai acontecer. Fiz isso e foi um sucesso imediato, não tive mais qualquer sensação incômoda.

Posteriormente teste novamente essa estratégia em um lugar alto, com o mesmo bom resultados. Para mim foi muito útil: imagine o que senti, com essa habilidade antes inconsciente de entrar em uma posição perceptiva, ao assistir um documentário de meia hora sobre escaladores de prédios.

Grande e Fraternal abraço

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